quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

De olho nos preços

Há uma discussão pouco produtiva entre os analistas de inflação: a alta dos índices de preços no atacado (IPA) é indicador de que os preços no varejo (IPC) vão subir também? A resposta é sim e não. 

Se houver apenas um ajuste localizado de algum preço de matéria prima no atacado, provavelmente essa alta será acomodada na cadeia produtiva e muito pouco ou nada desse aumento chegará no balcão.  Porém, se as altas no atacado forem seguidas e generalizadas, dificilmente o restante da cadeia produtiva não será afetado. Portanto o IPA não está automaticamente “grávido” do IPC, mas a depender dos sinais, podemos sim esperar pressões em toda economia.

Em janeiro, o IPA da FGV subiu 0,96%, bem acima do que havia subido em dezembro: 0,21%.  O IPA acumula em 12 meses, terminados em janeiro de 2011, alta média de 13,84%, sendo que os produtos agrícolas subiram 28,39% e os industriais 9,32%. Ocorre que, no momento, as pressões sobre os preços agrícolas permanecem elevadas e aparentemente os preços na indústria começam a acelerar também. Esse cenário sugere muita cautela, até porque não são esperadas reduções das pressões internas ou externas da demanda por produtos básicos, como matérias-primas ou alimentos. Ou seja, certamente os IPAs ainda vão mostrar números altos em fevereiro e março, ao menos.

E o varejo com isso?

Se, por um lado, o momento ainda é positivo para o setor pelo aquecimento das vendas, era inevitável também que a alta da demanda interna conjugada à alta do consumo de produtos básicos de populações gigantescas como a da China e Índia fossem gerar pressões de preços no atacado, que acabariam também pressionando os custos no varejo.

O setor já tem se deparado com elevação nos custos da mão de obra. Os acordos salariais têm, via de regra, dado ganhos superiores à inflação passada para os trabalhadores.  Além disso, os custos dos fornecedores também estão acelerando. O cenário sugere que o empresário do varejo se prepare para lidar com novas tabelas, com reclamações dos consumidores – porque terão de elevar alguns preços – e, em breve, com condições de crédito piores. Isso porque o Banco Central também deve estar fazendo esta análise e não pode permitir que os IPAs continuem a subir e pressionar os preços finais.

Assessoria Técnica



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