quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Inflação no início de 2011 mostra que Banco Central deve aprofundar aperto monetário

A inflação, de forma geral, é o termômetro que indica se a economia está em equilíbrio ou não. Quando os preços sobem acima das metas, existem indicações de que a demanda interna e/ou os custos estão acima do adequado.  Quando os preços não crescem, pode ser a indicação de um ritmo econômico muito fraco. Em 2010, o Brasil viu os preços ao consumidor subirem cerca de 6%, acima da meta de 4,5% para o IPCA. Em parte, esse fenômeno se deve ao crescimento econômico de 7,5%, mas certamente outros fatores também respondem por essas elevações:

- Falta de infraestrutura adequada, que eleva custos de logística, encarece fretes e seguros e aumenta perdas;
- Elevada carga tributária que se acresce aos preços finais;
- Aumento dos preços internacionais de commodities.

Ou seja, em grande parte a inflação de 2010 não pode ou não deveria ser atribuída ao crescimento de 7,5% do PIB, até porque em 2009 o crescimento havia sido 0, o que certamente gerou capacidade ociosa que pode ser utilizada em 2010 (se não integralmente, ao menos em parte).

Os primeiros números de inflação em 2011 mostram que os riscos continuam a aumentar e, certamente, o aperto monetário somente surtirá efeito no segundo semestre deste ano (IPC-S da FGV em janeiro apresentou alta de 1,31%). Em média os números mostram a inflação “rodando” a 10% e fugindo sistematicamente das metas.

Essa aceleração da inflação tem como pior efeito a corrosão dos salários, corrigidos em 2010 com base na inflação passada e menor do que a atual. Ou seja, em média, as famílias podem comprar cada vez menos com a aceleração dos preços. Esse efeito é ainda agravado com a não correção da tabela de descontos do IR na Fonte, dado que a incidência sobre valores nominais maiores reduz a renda líquida real das pessoas físicas, principalmente na classe média.

De qualquer maneira pode-se apostar que ao longo de 2011 o Banco Central irá perseguir a meta de 4,5%, e para isso, já que não deve contar com o apoio da política fiscal (que deveria ser mais rígida nos cortes de despesa e no ganho de eficiência), a Selic deve ser o principal instrumento, que pode subir para mais de 12,5% até o final do ano. Como coadjuvante, o Banco Central deve utilizar os depósitos compulsórios como forma de restringir o crédito.

Assessoria Técnica 


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